Alice...sempre ela....
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“ Ainda não sei muito bem”, Alice respondeu, muito gentilmente. “Gostaria de dar uma olhada em tudo à minha volta primeiro, se me permite.”
“Pode olhar para a sua frente, e para os dois lados, se quiser” disse a Ovelha “mas não pode olhar para tudo à sua volta...a menos que tenha olhos na nuca.”
Acontece que isso Alice não tinha; assim, contentou-se em dar um giro, olhando as prateleiras enquanto as percorria.
A loja parecia cheia de toda sorte de coisas curiosas... Mas o mais estranho de tudo era que, cada vez que fixava os olhos em alguma prateleira para distinguir o que havia nela, essa prateleira específica estava sempre completamente vazia, embora as outras em torno estivessem completamente abarrotadas.
“As coisas aqui são tão fugidias!” comentou por fim num tom queixoso, depois de ter passado cerca de um minuto perseguindo em vão uma coisa grande e lustrosa, que às vezes parecia uma boneca e outras vezes parecia uma caixa de costura, e sempre estava na prateleira acima da que estava olhando. “E isto é o mais irritante de tudo...mas vou lhe mostrar...” acrescentou, assaltada por um súbito pensamento, “Vou seguí-la até a prateleira mais alta de todas. Vai se ver em apuros para atravessar o teto, imagino!”
Mas até esse plano malogrou: a “coisa” atravessou o teto na maior tranquilidade possível, como se estivesse acostumada à isso.
“Você é uma criança ou um pião?” disse a Ovelha enquanto pegava outro par de agulhas. “Vai me deixar tonta já, já, se continuar girando desse jeito.” Agora estava trabalhando com catorze pares de agulha ao mesmo tempo e Alice não conseguia despregar os olhos dela, espantadíssima.
“Como consegue tricotar com tantas?” pensou a atônita criança consigo mesma. “ A cada minuto ela se parece mais e mais com um porco-espinho!”
“ Sabe remar?” a Ovelha perguntou, estendendo-lhe um par de agulhas de tricô enquanto falava.
“Sei, um pouco...mas não no seco...e não com agulhas...”Alice estava começando a dizer, quando, de repente, as agulhas viraram remos em suas mãos e ela descobriu que estavam num barquinho, deslizando entre ribanceiras – de modo que só lhe restava remar o melhor que podia.
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Alice através do Espelho