quinta-feira, março 08, 2007

Sarau



Ontem de novo veio o novo, invadindo minha vida na forma de olhos e pernas, de palavras empenhadas por tantos que se encorajam a ir à frente, em frente. A simplicidade sorria a todo instante através das vozes, ali organizadas por Sérgio Vaz e Rose, da Cooperifa, além dos muitos que os apoiam; tem que botar ordem no sarau, que acontece religiosamente toda 4afeira no bar do Zé batidão,que fica no Capão Redondo, zona sul de SP, segue a rua da igreja até chegar na praça. Ali ninguém rebola, não tem pagode, rock ou axé. Tem poesia. E a poesia lota o espaço a ponto de deixar gente do lado de fora só ouvindo o que acontece lá dentro e esperando a sua hora de declamar. Tanta estória, vem de todo canto, de adolescente, adulto, senhora; história de amor, homenagem de paixão, revolta para sacudir a apatia....ali não cabe hipocrisia, tá todo mundo junto.

" O silêncio é uma prece" diz a faixa do lado de dentro do bar. A missa ali não se reza, se versa em poesia, que dá quase na mesma. E para ouvir o que tantos poetas têm a dizer, é de bom tom baixar a voz e levantar as orelhas. "(...) um Deus que abençoa as pressas (...) " declama menina Lika no microfone, trazendo o Mineirinho de Clarice Lispector aos meus ouvidos. Veio Elisa Lucinda na voz de uma linda moça, cabelos trançados; os cabelos e jeitos são dos mais diferentes tipos, todos variados; em comum o papel na mão, dando força à voz para entoar a canção, que ali é falada com fé.

O respeito e o silêncio imperam, embora vez ou outra alguém se empolgue um pouco e levante a voz, nada difícil num dia como o de ontem, quando o tema era o dia da mulher. Um varal de calcinhas coloridas decorava o bar com pequenas estórias escritas em cada uma delas, versando cores e sentimentos. Já valeu, como declamou um deles. Valeu para mim ver tudo aquilo. Melhor ainda ouvir e rir, se emocionar, voltar a acreditar em coisas que o dia a dia mundano tenta aniquilar a todo momento. Já valeu perceber que eles ali não precisam das livrarias das vilas madalenas e mariana, quem quiser conhecer é só chegar. basta ouvido e coração abertos. A voz deles faz o resto.


*foto de joão wainer com os poetas do sarau de joelhos pedindo desculpas as mulheres, homenagem já tradicional no sarau do dia da mulher

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

nem chama mais pros rolês... vc vai ver Renaite, vou te deserdar. bjs!

12:53 PM  
Anonymous Anônimo said...

Não carece de Dia Internacional da Mulher pra deixar a gente de joelhos, mas gostei do pretexto que utilizaram. A propósito: obrigado pela visita, Dona Nilda. Bom reencontrar a senhorita de volta à vida pregressa de blogueira!

5:36 PM  
Blogger Marilyn said...

Adooooooooooooooro tudo isso aí que você disse.
Assino.
Beijo!

7:21 PM  

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